quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre o comentário de Margarida para Revoada...

O poema tem dessas coisas:
cair como orvalho na flor,
até fazê-la voar
desejando ser o que for.

A natureza das coisas
é objeto do poeta
que busca ele mesmo
ser a coisa observada.

Os pássaros batem asas
para fugir do perigo,
o homem olha para si
em busca de abrigo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Revoada

Ser
é tão difícil,
não ter medo
do que possa
acontecer.

Esse vento
e o gesto manso
que envolve,
é tão fácil querer.

Já não basta
emoldurar a foto
ornar o quarto
com borboletas,

tudo parece voar
quando o olhar
não diz o que vem
a ser.

Todas e nenhuma

Adeus
contém Deus,
como Deus
contém o Eu.

Uma palavra
guarda tantas
que mal cabem em si.

Amar, por exemplo
guarda mil maneiras
de sofrer.

Um verbo assim
não apodrece na carne,
reinventa-se
sem meias palavras.

É como o silêncio:
todas e nenhuma.