( Sinopse da saga de uma obscura dama de paus.)
I
Peça em alguns atos quase obscenos
em que uma dama de paus sai como bisca
num carteado de esquina. Baralho moído
de mãos sujas. O jogo não valia nada.
II
Os episódios de um são variantes dos
outros, como nos sinóticos. Aqui vale
a fantasia do clero na purificação do
batismo: Jesus não tem nada com isso.
Foi batismo de fogo na sarjeta.
a carta vôo em chamas pra lama.
III
Evocou o espírito Santo em língua
Celta de conto de fadas: quero ser
dama de ouro, trunfo na próxima
rodada. Quero o rei deposto...
Não foi atendida e perdeu a partida.
IV
Tentou ingressar no seleto círculo
das videntes, mas ao ler seu próprio
destino, caiu em prantos. O cavaleiro
amante de tantos sonhos era ilusão.
Mortificada foi trocada de mãos.
V
A dama era carta fora do baralho.
Um jogador abusou do jogo, saiu.
O outro lambuzou a carta com cuspe
e a pregou na testa. De quando em vez
a carta caía, e ele tornava cuspir.
VI
O jogo vicia, disse o Irmão pregador.
Grudar com cuspe ou esperma não
trás sorte ao jogador. E Kerouac disse:
“ Havia um poça com uma estrela brilhando
lá dentro, eu cuspia na poça, a estrela se apagava...”
VII
Escarafacho se fazendo passar por
Joseph Mitchell, revela o desprezível
segredo de uma dama de paus suburbana
que queria ser Catherine Millet
e se deu mal. Vale a pena!
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