O amor é esse pássaro fugitivo,
canta no ouvido, aninha no peito
e voa no vento, como veio
O dom de ser eterno, de passar
com o tempo, de nascer do nada
de morrer de susto
amor meu de cada dia, sol, manhã
música, ternura de brisa, espinho
de rosa, poesia
meu amor onde não há sossego
sabe o que digo, a chuva fria
o abrigo da mão vazia.
......................................
quinta-feira, 28 de abril de 2011
sexta-feira, 15 de abril de 2011
A mergulhadora
Que belo casulo
você me arranjou,
respirar por aparelho
no fundo do mar.
Todo esse peso sobre o corpo
enquanto as sereias nadam.
Deve ser terminal
esse disfarce
hermeticamente fechado
para quem um dia quis voar.
você me arranjou,
respirar por aparelho
no fundo do mar.
Todo esse peso sobre o corpo
enquanto as sereias nadam.
Deve ser terminal
esse disfarce
hermeticamente fechado
para quem um dia quis voar.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Esfinge
Nem mais uma palavra
sobre o assunto
nenhuma ira sobre a traição
a esfinge decifrada
permanece calada.
sobre o assunto
nenhuma ira sobre a traição
a esfinge decifrada
permanece calada.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Fugaz
Por um instante
o teu cheiro exala
na essência do ar
teria sido mais
não fosse tanto
o vento de setembro.
o teu cheiro exala
na essência do ar
teria sido mais
não fosse tanto
o vento de setembro.
A voz
A voz sabe o que canta
O canto não sabe o que diz
Um dia passa do outro
O outro passa por mim
O homem não sabe o que fala
A fala que cala não diz
O silencio diz quase tudo
do tudo que nunca quis.
O canto não sabe o que diz
Um dia passa do outro
O outro passa por mim
O homem não sabe o que fala
A fala que cala não diz
O silencio diz quase tudo
do tudo que nunca quis.
Convite à contrição
No átrio da Catedral
Você molhada de chuva
Fazendo-me crer casual
Aos olhos da tarde
E aos olhos Da Graça
Já era tarde demais
A chuva fina
Pesou na alma
Apesar dos pesares.
Você molhada de chuva
Fazendo-me crer casual
Aos olhos da tarde
E aos olhos Da Graça
Já era tarde demais
A chuva fina
Pesou na alma
Apesar dos pesares.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Escarafacho e a desilusão no baralho
( Sinopse da saga de uma obscura dama de paus.)
I
Peça em alguns atos quase obscenos
em que uma dama de paus sai como bisca
num carteado de esquina. Baralho moído
de mãos sujas. O jogo não valia nada.
II
Os episódios de um são variantes dos
outros, como nos sinóticos. Aqui vale
a fantasia do clero na purificação do
batismo: Jesus não tem nada com isso.
Foi batismo de fogo na sarjeta.
a carta vôo em chamas pra lama.
III
Evocou o espírito Santo em língua
Celta de conto de fadas: quero ser
dama de ouro, trunfo na próxima
rodada. Quero o rei deposto...
Não foi atendida e perdeu a partida.
IV
Tentou ingressar no seleto círculo
das videntes, mas ao ler seu próprio
destino, caiu em prantos. O cavaleiro
amante de tantos sonhos era ilusão.
Mortificada foi trocada de mãos.
V
A dama era carta fora do baralho.
Um jogador abusou do jogo, saiu.
O outro lambuzou a carta com cuspe
e a pregou na testa. De quando em vez
a carta caía, e ele tornava cuspir.
VI
O jogo vicia, disse o Irmão pregador.
Grudar com cuspe ou esperma não
trás sorte ao jogador. E Kerouac disse:
“ Havia um poça com uma estrela brilhando
lá dentro, eu cuspia na poça, a estrela se apagava...”
VII
Escarafacho se fazendo passar por
Joseph Mitchell, revela o desprezível
segredo de uma dama de paus suburbana
que queria ser Catherine Millet
e se deu mal. Vale a pena!
*****
Assinar:
Postagens (Atom)